
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu nesta quarta-feira (12) a escolha de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais ao fato de ela ser uma “mulher bonita”. A pasta é responsável pela articulação política do governo e pelo relacionamento entre Executivo e Legislativo. Antes de Gleisi, a secretaria era chefiada por Alexandre Padilha, agora ministro da Saúde.
“Acho muito importante trazer aqui o presidente da Câmara [Hugo Motta (Republicanos-PB)] e do Senado [Davi Alcolumbre (União-AP)], porque uma coisa que eu quero mudar, estabelecer a relação com vocês, por isso eu coloquei essa mulher bonita para ser ministra das Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância de vocês”, declarou Lula, no evento de lançamento do crédito consignado privado, no Palácio do Planalto. Não foi o primeiro comentário problemático do petista em relação a mulheres (leia mais abaixo).
A fala ocorre poucos dias depois do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. Na data, o presidente chegou a compartilhar uma mensagem nas redes sociais. “Se me tornei três vezes presidente da República foi também para que toda mulher brasileira seja livre e viva plenamente seus direitos. Foi por isso que criamos, pela primeira vez na história do Brasil, um Ministério das Mulheres”, escreveu.
Em 25 de fevereiro, Lula tirou Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Ela foi a terceira mulher a ser demitida do primeiro escalão do petista — todas foram trocadas por homens. As então ministras Daniela Carneiro, que chefiava o Turismo, e Ana Moser, titular do Esporte, deixaram o governo em julho e setembro de 2023, respectivamente.
O terceiro mandato de Lula começou com 11 ministras. Depois das saídas de Carneiro e Moser, o número caiu para nove, mas subiu para 10 após a demissão do então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em setembro do ano passado, por denúncias de assédio. Ele foi substituído por Macaé Evaristo. Com a saída de Nísia e a entrada de Gleisi, o governo segue com 10 ministras.
Falas problemáticas
Em julho do ano passado, em uma reunião no Planalto, o petista comentou o aumento da violência contra a mulher em dias de jogos de futebol, mas afirmou que, se o agressor for corintiano, “tudo bem”.
“Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui”, declarou à época.
Em janeiro deste ano, durante evento em memória os dois anos do 8 de Janeiro, Lula afirmou ser “amante da democracia”, e não marido.
“É por isso que eu sou um amante da democracia. Eu não sou marido, eu sou amante da democracia. Porque, a maioria das vezes, os amantes [maridos] são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres. E eu sou amante da democracia porque conheço o valor dela”, disse Lula.